Ogronegócio ou TOPnegócio? A força do agro brasileiro
O agronegócio brasileiro vem sofrendo fortes ataques de pessoas ligadas ao governo federal. O mais notável deles foi quando o atual presidente da república, Luís Inácio Lula da Silva, chamou o agronegócio de fascista em entrevista ao Jornal Nacional quando ainda estava em campanha presidencial. E os ataques não pararam por aí, Jorge Viana, presidente da APEX Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) fez um discurso na China em que atrelou o agronegócio brasileiro ao avanço no desmatamento. Marina Silva, atual ministra do meio ambiente também não poupou esforços ao atacar o agronegócio brasileiro e referir-se a ele como “ogronégocio”.
Ao que tudo indica, quando se trata do agronegócio brasileiro, os membros do atual governo, sobretudo quem prometeu picanha e cerveja para os brasileiros, parecem estar vendo somente a metade vazia do copo. A metade cheia é que o agronegócio brasileiro, que não tem nada de ogro, é um setor bastante relevante para a economia brasileira pois a produtividade e a participação do setor na economia mundial vem crescendo desde a década de 1990, e, além disso, produtos como a soja e cana de açúcar tem contribuído para o equilíbrio da balança comercial e também para o crescimento econômico. Vamos aos fatos!
A Figura 1 mostra que a produtividade do trabalho no agronegócio brasileiro foi a única que cresceu entre 1995 e 2022, enquanto que a produtividade da indústria e dos serviços ficou praticamente estagnada. De acordo com Abbade (2014) o aumento da produtividade no setor agropecuário pode ser consequência dos investimentos em desenvolvimento agrário, compra de máquinas e equipamentos agrícolas, e, do uso de fertilizantes. Esse investimento vem sendo feito ao longo do tempo sobretudo para atender as demandas internas e externas e está fazendo com que o Brasil consolide cada vez mais como grande exportador de commodities agrícolas.
Figura 1 Evolução da produtividade do trabalho no Brasil – 1995:2022
Fonte: Elaborado pelo autor com dados do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE)
Na Figura 2 apresentamos a evolução da participação dos setores da economia brasileira no mercado mundial e de cara notamos que o setor agropecuário é o setor mais relevante ao longo de toda a série, e, foi um dos poucos que cresceu, saltando de 2,51% em 1994 para 4,5% em 2020. O sucesso do Brasil como agroexportador contribui para a geração de divisas internacionais e equilíbrio da balança comercial, geração de empregos, e, aumento da renda nacional.
Figura 2 Participação dos setores da economia brasileira no mercado mundial – 1994:2020
Fonte: Elaborado pelo autor com dados de 2020 do Atlas da Complexidade.
A Figura 3 mostra que soja brasileira é responsável por 11,9% do valor total das exportações. A soja é utilizada na produção de óleo vegetal, farelo de soja e também serve como insumo na indústria de alimentos. Outras commodities também tem ganhado bastante destaque nas exportações brasileiras são a cana de açúcar, milho, café e a carne bovina.
Destacamos que o Brasil é um dos maiores exportadores de carne bovina do mundo. Esses fatos mostram que o agronegócio brasileiro é bastante diversificado. Enfatizamos também que o PIB do agronegócio brasileiro cresceu 21,6% no primeiro trimestre de 2023 em relação ao mesmo período do ano anterior, alavancado sobretudo pelas safras recordes de soja. Esse fato fez com que o PIB brasileiro crescesse 1,9% no primeiro trimestre do ano, o que surpreendeu muitos analistas, e, é claro, rendeu louros políticos ao atual governo.
Figura 3 Participação dos produtos nas exportações brasileiras
Fonte: Adaptado do Atlas da Complexidade.
Embora haja críticas ao setor agrícola no Brasil, sobretudo em relação a questão ambiental, um estudo do IPEA mostra que o Brasil tem preservado área substancial de matas nativas e se destaca na construção de uma economia de baixo carbono. Em janeiro de 2023 a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), preocupada com os ataques do governo ao setor, destacou em nota que o Brasil possui legislação ambiental moderna e restritiva e que problemas como o desmatamento ilegal devem ser combatidos dentro dos mecanismos legais existentes. Terminamos nossa prosa enfatizando que não há como produzir picanha e cerveja sem nosso importante agronegócio que ao que tudo indica é um TOPnegócio.
Referências
ABBADE, Eduardo Botti. O papel do agronegócio brasileiro no seu desenvolvimento econômico. Revista Gestão da Produção Operações e Sistemas, n. 3, p. 149-149, 2014.
VIEIRA FILHO, José Eustáquio Ribeiro. Indicadores de produtividade e sustentabilidade do setor agropecuário brasileiro. IPEA. 2022.
O recado da Aprosoja-MT para o ministro Fávaro e o governo Lula. AGROemDIA, 2023. Disponível em: https://agroemdia.com.br/2023/01/06/o-recado-da-aprosoja-mt-para-o-ministro-favaro-e-o-governo-lula/. Acesso em 19/07/2023.